Durante o dia, Shahar
Hadar é operador de telemarketing. À noite, ele sobe no salto e vira , a
estrela de um bar gay na cidade de Tel Aviv, em Israel. O rapaz de 34 anos é
uma das poucas drag queens religiosas do país, aluno de uma escola de
performances gay. Judeu ortodoxo, Hadar percorreu um longo caminho até
convencer a si mesmo do que gostaria de ser na vida.
Vivendo em uma
comunidade religiosa conservadora, Shahar Hadar tinha tudo para se casar com
uma mulher, ter filhos e satisfazer as pressões sociais - e assim o fez. Mas
ele não tinha uma vida sexual muito ativa com a mulher e, depois de algum
tempo, ela pediu o divórcio. Eles tiveram uma filha, hoje com 11 anos. Mas a
mãe proíbe a menina de ver o pai.
- Por mais que eu
fugisse disso, os céus deixaram claro para mim quem eu sou - explicou ele, em
entrevista à agência de notícias Associated Press.
Quando começou a tomar consciência das própria homossexualidade, aos 19
anos, o israelense se puniu, foi viver em um seminário judeu e passava horas
estudando o Torá, na esperança de que isso o impedisse de pensar em homens. De
acordo com a AP, depois de ter um caso com um colega de seminário, Hadar foi
expulso do local. O israelense foi transferido para outro centro de estudos,
onde conheceu a mulher com quem se casou, uma judia ultraortodoxa.
- Eu queria tomar o
caminho que Deus ordenou para cada um de nós. Eu não via outra opção. Pensei
que o casamento me faria hétero e eu seria curado.
Uma coisas mais
difíceis que Hadah teve que fazer foi contar a verdade para a mãe, uma mulher
bastante religiosa. Em 2010, ele participou da parada do orgulho gay em Tel
Aviv. Ao voltar para casa, sentiu que já era hora de dizer o que sentia. Para a
surpresa do israelense, a mãe aceitou bem a notícia.
- Pensei que seria o
dia mais negro da minha vida - relembrou ele.
Hadar
passou a frequentar bares gays, fez a barba e até cortou as duas grandes mexas
de cabelo que pendiam nas laterais da cabeça, para aumentar as chances de
encontrar um parceiro. Ele ainda não encontrou o amor, mas alcançou a
satisfação pessoal na escola de drag queens em Tel Aviv. Lá, ele aprende a caminhar
direito em cima do salto e a se maquiar. Convive em harmonia com soldados
israelenses, árabes e judeus - uns ajudam os outros a fechar os sutiãs. Mas
Hadar ainda é o único a aparecer nas aulas vestindo um solidéu, uma espécie de
pequeno chapéu usado pelos judeus.
A personagem de Shahar Hadar é a mulher de um rabino, uma conselheira
judaica. Ela abençoa a plateia e dá conselhos. A filosofia de vida de Rebbetzin
Malka Falsche, a drag queen, não é muito diferente da seguida pelo judeu
ortodoxo Shahar Hadar. Tanto ele quanto ela abraçam as dificuldades da vida com
alegria.
Fonte;
Extra Globo







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