Free Shoutcast HostingRadio Stream Hosting

quinta-feira, abril 19, 2012

Dario Meira: 50 anos, a festa acabou.


A festa acabou, os 50 anos se foram. Agora o que nos resta é repensar a cidade sob uma ótica pluralista e sustentável.
O atraso acentuado no município denuncia que o arcaico sistema coronelista ainda mancha a bela cidade através das políticas assistencialistas e sem renovação. Do tipo: “Me dá um saco de cimento e eu voto em você,”, por exemplo. Mas Isso se torna mais cômico quando se tem num governo uma política centralizada e sem nenhuma inovação.
Ironia do destino, a falta de criatividade, o não reconhecimento da memória do nosso povo ou a falta de uma ação inovadora que abrilhantasse a festa dos 50 anos do aniversário da cidade, é típica dos grupos tradicionais e sem nenhum senso de criticidade histórico-cultural, o que denuncia um triste pensamento fechado e incapacidade de abrir-se amplamente a um estado de direito do publico opinar. Idem, quando assim se procede, é porque há um pensamento bem planejado, e, estrategicamente, sua concepção de cultura e desenvolvimento, quando não é a política do “pão e circo”, persevera os supostos jargões dos coronéis: “ o povo é que nem galinha, quando preciso dela no terreiro só é preciso jogar o milho”; ou, “para chamar os porcos basta quebrar a mandioca”; ou seja, “quem tem poder manda, quem tem juízo obedece”, ou ainda “ o que a gente canta vocês repetem, o que a gente toca vocês dançam, e assim a gente toma todas e faz de conta que a cidade esta cada vez melhor, o povo esta mais feliz porque todos dançam e cantam na maior alegria.”
No entanto, quem pensa outra cidade e quem vivência e se farta de tédio com a mesmice e a limitação desses governos patéticos, que usam a máquina mais para beneficio próprio e faturar à custa da população, sabe que é possível uma política sociocultural ascendente e inclusiva. Sobretudo, com participação ativa da comunidade, tanto nas tomadas de decisões quanto no aspecto histórico. Ainda assim, quanto ao mérito da festa, não serei de maneira nenhuma implacável, pois se faço critica tenho que ser flexível para elogiar, principalmente sobre a qualidade das bandas musicais e todas as pessoas envolvidas nos trabalhos de sustentação da festa, da participação do povo e do respeito recíproco entre todos. Todavia, é necessário ressaltar os eventos paralelos à festa para que haja um pouco de justiça, tais como: a criatividade e irreverência dos blocos e a belíssima competição envolvendo os diversos motociclistas da região.
Enfim, convido a todos, sem distinção de raça, sexo, cor, religião... Para reinventarmos a velha cidade, transformando-a numa nova. E o ponto de partida é planejá-la sob a ótica da democracia participativa, com pluralismo de idéias e sustentabilidade, porém sempre com capacidade de inovação; sobretudo saber ouvir a comunidade e as pessoas que opinam e verdadeiramente amam a bela cidade. Se de maneira diferente, transparente e empreendedora agirmos, tenho absoluta certeza que na comemoração dos próximos 50 anos não serão tão previsíveis quanto esses que foram festejados. Pois a cidade estará pensando e agindo de forma mais envolvida e consciente do seu papel no cenário estadual, e não mais como uma cidade escravizada e corrupta do interior da Bahia. Todavia, para isso acontecer é preciso atitude, transparência, coerência e responsabilidade de quem a governará; bem como participação, cobrança, reconhecimento e criticidade por quem será governado.

Ramair Libarno do Amaral 

0 comentários: